Estórias de Trancoso

Acad. Bras. do Cordel   Estórias de Camões   Estórias de João Grilo   Incompletas   Depoimentos  

sexta-feira, setembro 01, 2006

Eu caio

Esta é a estória de um caixeiro viajante que ia semanalmente, de uma cidade para outra, numa distância de 8 horas de viagem a cavalo, vender seus produtos.
Certa vez acordou de manhã bem cedo, arrumou-se e deu iniciou a sua costumeira viagem semanal, pretendendo chegar ao seu destino em 8 horas. Porém após 5 horas de viagem, o seu cavalo caiu e quebrou a perna. Não dava mais para voltar em decorrência da hora adiantada e percursos já cumprido, então ele decidiu proceguir viagem a pé mesmo.
Quando começou a escurecer ele avistou uma casa que parecia abandonada. Foi até a casa com o objetivo de pedir abrigo aos moradores. Chegou, bateu palmas e disse:
_ Ô de casa?
Repetiu três vezes, mas ninguém respondeu, então entrou na casa e observou que se tratava de uma casa abandonada.
Ali mesmo se organizou. Fez um foguinho no meio da sala, abriu sua sacola, tirou um pedaço de carne, enfiou em um espeto, sentou-se pertinho do fogo começou a assar sua carne.
Quando tudo parecia está tranquilo ele escutou uma voz que dizia:
_ Eu caio
Pensou ele:
_ Acho que não escutei nada deve ser o vento.
E outra vez:
_ Eu caio!
Então ele disse:
_ como é?
E a voz repetia:
_ Eu caio!
Ele muito cansado e faminto respondeu:
_ então cai logo ora essa e para de encher o meu saco.
então caiu ao seu lado uma perna de homem, ele achou intrigante, mas, pensou ele, como uma perna não faz mal a ninguém, acalmou-se e voltou para o seu churrasco.
Mas a voz recomeçou:
_ Eu caio! Eu caio!!!
Respondendo disse:
_ tu não já caisse, me deixa em paz.
Mas a voz não parava:
_ Eu caio!
_ Cai logo, ora essa.
Outro estrondo, outra perna caiu e ficaram ali, uma do lado da outra.
Mas a estória não parou, outra vez a voz gritava, parecia cada vez mais perto dele.
_ Eu caio!
Ele respondia:
_ Cai logo, e tu não caisse ainda não é ?
Caiu um braço bastante forte, mas sem corpo, proximo as duas pernas.
O viajante não tinha sossego, a voz recomeçou:
_ Eu caio! Eu caio!!!
_ Caia logo, ÔÔÔÔÔÔÔÔ!!!
Foi quando, neste momento, caiu o outro braço. agora eram 2 pernas e 2 braços, mas o homem não tinha medo ele estava mais com fome e cançaso que com medo.
E a voz outra vez dizia:
_ Eu caio!!! Eu caIO!!! EU CAIO!!!!!!!!
Cada vez mais alto o som da voz.
Disse o viajante:
_ Pronto, agora vocë cai e completa logo esse corpo e me deixa tranquilo.
_ Eu caio!!! Eu caIO!!! EU CAIO!!!! Eu caio!!! Eu caIO!!! EU CAIO!!!!
E num estrondo muito maior, caio o tronco de um corpo e logo os braços e as pernas se juntaram, mas ainda era um corpo sem cabeça.
e a voz recomeçou:
_ Eu caio!!! Eu caIO!!! EU CAIO!!!! Eu caio!!! Eu caIO!!! EU CAIO!!!!
Foi quando o homem resolveu parar e vê o que iria acontecer. E lá atrás da casa ouviu-se um estrondo infinitamente maior e junto com o estrondo um barulho como se fosse uma bola de ferro rolando no chão de madeira. Era uma cabeça que rodou toda a casa, acompanhada de muito barulho e depois chegou perto do corpo juntou-se a eles e o silêncio voltou a imperar na casa, o viajante pensou que agora ia ter paz, porque o homem caido ali perto dele, apesar de nu, parecia está morto. Pegou o seu espeto com a sua carne e voltou ao seu churrasco, quando ele estava já distraido, pulou ao seu lado um negro, pelado, alto e forte ao lado dele com um sapo enfiado em um espeto e colocou no fogo do lado da carne do viajante. A verdade é que o homem estava tão casado que nem sentia mendo e o empurrava dizendo:
_ Sai com esse teu cururu pra lá negão!
E o Negro saia rebolando dentro de casa e batia lá na prota da cozinha.
Quando o homem pensava que estava livre o negáo pulava do lado dele com o cururu enfiado no espeto e colocava no fogo, outra vez ele fazia
_ Sai com esse teu cururu pra lá negão!
Isso se repetiu durante toda a noite só se acalmou quando o dia clareou, e nesse momento o homem pegou tudo o que tinha e saiu correndo ruma ao seu destino.

quinta-feira, agosto 31, 2006

A FILHA MÁ

Numa cidade do interior, em uma simples casa, morava mãe e filha.

Por ser filha única, a mãe sempre fazia todas as vontades da filha, na verdade a filha era tratada como uma rainha.

Até que um dia, a filha casou-se e foi morar com o seu marido em uma casa um pouco mais distante.

Toda vez que a mãe ia visitar a filha, ela, a filha, ao avistar a mãe se aproximando corria e escondia toda a comida que tinha para que a mãe não comesse. Ela não queria dividir.

Porém certa vez, como de costume às 9 horas da manhã, a filha avistou a mãe que se aproximava, mais que depressa correu, foi à cozinha, pegou toda a comida levou-a ao quarto e escondeu embaixo da sua cama. A mãe que tinha vindo passar o dia e já eram 3 horas da tarde, vendo que a filha não lhe daria comida decidiu ir embora e falou:

_ Filha, vejo que você não tem comida em casa, estou com muita fome, vou embora.

A filha respondeu:

_ Mãe, é uma pena, hoje realmente não tenho nada para comer, sinto muito.

A mãe saiu e mas que depressa a filha correu ao quarto para pegar a comida embaixo da coma, pois também estava com muita fome e ao se baixar, no local da comida o que tinha era um enorme sapo que ao vê-la, abriu a boca e engoliu-a.

*****************
Contada por Rose